Ler um bom livro é um momento único, e são nesses momentos
que a compreensão pode transcender a mente concreta e alçar voos mais abstratos,
regados por uma dose de intuição e conexão cardíaca com o tema ou autor.
Quando a gente lê apenas com o cérebro esses momentos não
acontecem. Quando lemos num estudo em grupo ou simplesmente fazemos uma leitura
coletiva em algum encontro virtual ou presencial, usamos apenas o aparato
racional do cérebro, e dificilmente a compreensão toca a intuição-coração. Gosto
de estudos em grupo para partilharmos reflexões, mas nunca para tomar o
primeiro contato com um texto.
Tenho para mim que estudar uma obra exige um momento de
intimidade, uma conexão com Eros; é necessária certa introversão, para que a mente
toque patamares metafísicos e desvele as verdades interiores que foram
sufocadas pelo esquecimento.
Quando passo muito tempo lendo em grupos ou ouvindo
leituras, sinto saudades dos momentos solitários. Os livros sempre foram meus
melhores amigos, em todos os momentos, são os livros que entendem, que respondem,
que acolhem, confortam, que libertam e ensinam.
Nunca abandone seus próprios momentos criativos de leitura e
intuição. Não troque a dedicação pessoal no seu próprio ritmo e aprofundamento
por estudos em grupo ou leituras coletivas ou o mero ouvir alguém explicando.
Complemente seus momentos de dedicação solitária com estudos
em grupo, ouça as reflexões de outros, as explicações, debata, tire dúvidas –
mas mergulhe nos livros também, explore as profundezas da mente, e deixe a alma
voar. E então quando encontrar aquele livro que te abraça, mergulhe em
meditação.
Alaya Dullius (Janeiro 2021)
Quão serena é sua postura
ResponderExcluirNeste idílio introspectivo;
Absorta, intrépida mergulhas,
No oceano de signos massivos;
Ó, perdoe minha descompostura
Mas saber urgente preciso
Quantos velhos arcanos se abrigam
Entrelinhas silentes dos livros?