A Tormenta - Tempo de Transformação
(por Alaya Dullius, maio de 2021)
Ultimamente a vida tem sido como uma tempestade que não passa
Muitas coisas tem sido custosas, difíceis, sofridas...
E sinceramente, eu tenho me sentido um pouco emocionalmente exausta
Tenho certeza que não sou a única que tem sentido isso nesse período que temos passado juntos, como humanidade, mas com tantas diferenças no suporte que recebemos
Certamente estamos todos sofrendo, muito ou pouco, sofremos
É como se estivéssemos vivendo numa época em que tudo está em mutação, e não sabemos mais onde e como nos apoiarmos
O mundo está mudando, mas debaixo da superfície também estamos
É uma época de grandes transformações
Quando estamos no mar, durante uma tempestade, não podemos decidir “ah não quero passar por isso agora, deixa pra depois”. Seguimos, com mais atenção, mais presentes, com coragem, considerando cada escolha, percebendo a direção do vento, ajustando as velas, atentos ao mastro, ao mapa, ao mar...
Seguimos atentos, para passar pela tempestade, seguros por um cabo de segurança que atrelado ao veleiro não nos deixa cair nessa água turbulenta.
Suportamos a tempestade, a adversidade, miramos na meta e encaramos as maiores dificuldades de frente, sabemos que vai passar
Se abrimos mão dessa atenção constante, somos pegos pelas ondas, balançamos, somos jogados para lá e para cá, nos arrebentamos em algum lugar que não escolhemos estar..
Sejamos um veleiro numa tempestade mirando o céu amplo e azul
Tenho pensado muito no mar, uma sensação de solidão tempestuosa, mas não necessariamente ruim.
Acredito que nesses momentos de grande transformação não podemos nos esconder do que é desconfortável
Há um momento em que não nos comporta mais ficarmos presos em padrões antigos de agirmos e pensarmos, só por que nos sentimos seguros assim.
Em algum momento transborda, e transbordar é assustador
Não adianta se esconder do desconforto
Mudar dói, mas é nesses momentos que colocamos em movimento um redemoinho interior que renova nossa mente e mostra-nos o poder de estarmos vivos, e de podermos nos transformar
Olhamos para aquele turbilhão de emoções, medo, escolhas, o que for
E encaramos, e sabemos que precisamos mudar
E é muito difícil
E pausamos, a respiração, funda, o medo, aflorando...
Pausamos, olhamos para todo aquele desconforto e decidimos “ok você pode vir para a superfície, estou pronta”.
A transformação torna-se crucial e inadiável. Prolongar essa abertura é apenas perpetuar uma dor surda e constante que bate à porta da nossa alma.
Fazer uma escolha não é uma escolha mais, é uma demanda
Uma demanda interior que não vai se calar.
Sim, não é fácil, e na maioria das vezes vai soar apenas como palavras de motivação
Mas pare, escute, sinta. É isso mesmo que você quer? Que seu “eu” mais profundo almeja?
Ou é só mais uma daquelas muitas coisas que nos distrai na vida, e termina, no fim, por gerar mais demandas, ou mais insatisfação
Escute, no silêncio tudo fica mais simples
Estou tentando viver isso, dentro de mim grandes transformações fermentam, por fora, rupturas na vida, como véus que se rasgam, e mastros que se quebram ante a tormenta, mas tudo bem, passará.
Eu não sei no que tudo isso vai dar.
Penso na Teresa, a carmelita espanhola, “tudo passa, quem a Deus tem nada falta, tudo basta, não te angustie, não te perturbe. Paciência confiança”
Há de haver uma forma mais verdadeira de viver.
O ruído do mundo cessa no meu coração.
É simples, e no simples, encontro.
Tudo bem parar, tudo bem precisar descansar
Recolher-se para dentro de si e pensar “o que é realmente importante agora”?
Ao mesmo tempo, se sentes que precisa, siga firme, passo a passo, mirando no fim dessa tempestade. Liberamos os cabos para a vela poder subir
Se içamos demais, o pano rasga em meio à tempestade, se subimos de menos, a vela não tem força para velejar, é tudo uma questão de medida
De sabermos a nossa medida
O tamanho do pano depende do tamanho da tempestade
Não é sobre estarmos molhados, mas sobre o vento que nos empurra, e para onde colocamos a proa.
Pode parece que você está numa escura e fria solidão, mas você não está sozinha.
Tudo passará, e nos encontraremos.
Há um lugar quente e protetor e aconchegante no fim dessa jornada, e esse lugar está dentro de você
Faça algo por você
Não pros seus sentidos, não pros seus pensamentos e vontades
Mas por você, a verdadeira você, ai dentro, esperando ser ouvida.
O tormento do mundo continuará ruidoso
Quem é você nisso tudo?
Respire
A gente se preocupa demais
E vive de menos
E não sente o amor..
Por entre as nuvens ela irradia ainda para ti
Sinta
Veja
Escute
Faça algo por si mesma
Não consuma algo, não compre algo
Todas aquelas coisas, você não precisa delas..
Faça algo por si mesma, e veja... você pode, você consegue
A vida insiste em pulsar
Ela pulsa dentro de você.
Amei! Muito confortador, diante desses momentos que muitos de nós estamos vivendo.gratidão.
ResponderExcluirMagnifica palavras, AMÉM!
ResponderExcluirQue vivamos com VIVEKA em KAMA-ARTHA-DHARMA-MOKSHA a ser alcançado.
ResponderExcluirGratidão.
Palavras tecem imagens da alma...
ResponderExcluir...que jardim magnifico tu levas contigo...
Saudações, Alaga. Faz pouco mais de um ano este relato....Como você está agora? Gratidão pela partilha
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