Hodson sobre terapia de vidas passadas; cura; uso de drogas para expandir a consciência; a importância do estudo e da reta motivação na senda espiritual
Agora se tornará claro que Geoffrey
Hodson fez um comprometimento de vida com o ensino e prática da Teosofia.
Porém, dada a vasta liberdade de pensamento permitida dentro da Sociedade
Teosófica, muitos membros interpretaram a Teosofia das mais amplas maneiras
possíveis, e, possivelmente também de maneiras incorretas. Sem interferir no
direito de todos interpretarem, penso que é interessante apontar que o Sr.
Hodson foi capaz de atingir o que muitos outros teosofistas não eram capaz de
fazer, pesquisar conscientemente aquilo que outros apenas podiam falar sobre,
especular.
Para mim isto o torna um professor de
teosofia que podemos colocar em uma categoria especial – aqueles que podiam
identificar itens de sua própria pesquisa e correlaciona-los com uma acurada
tradição teosófica. Ele foi de fato uma dessas pessoas que a Sra. Blavatsky
referiu quando descreveu a Teosofia como “os exames repetidas de geração após
geração de videntes treinados”
O cuidado e dedicação que ele teve com
suas investigações modelaram e demonstraram o caminho para aqueles que no
futuro atingiriam entendimentos semelhantes. Além do mais, ele o fez de uma
forma completamente isenta de exentricidades de comportamento, e sem
desencaminhar as pessoas por caminhos falsos. Isto o fez um guia seguro, uma
pessoa que podia ser confiada, alguém que não iria colocar outros em perigo.
Não estou dizendo que ele não tenha
cometido erros ao longo do caminho, mas em minha opinião estes erros foram
relativamente pequenos e causados pelo fato de que ele ainda estava
amadurecendo em sua linha de trabalho específica. Ninguém está livre de cometer
erros, até mesmo os grandes cientistas cometeram erros antes de amadurecerem
suas teorias, que só se firmaram após repetidos testes e investigações; e no
campo religioso o mesmo e verdadeiro. Como deve ser difícil para o cientista do
oculto, do invisível.
Outra característica dos ensinamentos
de Hodson é a de que não era incomum ele, em algumas ocasiões, falar de maneira
“oracular”, isto é, suas afirmações podiam ser interpretadas de acordo com a
consciência (ou falta de consciência) das pessoas que as ouviam.
A fim de ajudar os aspirantes
espirituais, incorporei algumas das palavras e opiniões do Sr. Hodson sobre uma
variedade de temas. São opiniões tomadas de discussões pessoais,
correspondências, palestras, livros e artigos. Coloquei-as em um dialogo
imaginado. Algumas dessas ideias não aparecem em domínio publico, e foram
compartilhadas muito privadamente.
P. Há uma escola de pensamento
psicológico que afirma que não importa como você arranjou o problema, mas que
agora você o vivencia, portanto vamos lidar com o que você tem.
R. Sim,
mas assim não funciona! Não leva em conta as causas do sofrimento. Para a
pessoa que não tem acesso às causas primarias o elo entre os impedimentos
presentes e as causas internas destas coisas não é imediatamente óbvio, se
torna misterioso, nos perguntamos “porque este sofrimento está acontecendo
comigo?”. É estranho dizer que este é o início da sabedoria, se fazemos uma questão
com sinceridade, e pelo tempo necessário, obteremos uma resposta. Isto acontece
pois tal impedimento ou sofrimento ensina à alma lições que ela não apreenderia
de outra forma. Muitas pessoas vivem suas vidas em estado de negação.
Sofrimento, doença, impedimentos, isto nos força a um estado em que é
necessário deixarmos de negar e nos abrirmos para o verdadeiro aprendizado,
para a compreensão de que somos os verdadeiros responsáveis por nossa situação.
Assim, você compreende que não é possível resolver um problema psicológico
profundo através do isolamento, é preciso primeiro tornar-se receptivo, e só
então uma solução pode se apresentar. A Natureza se foca na Alma Espiritual –
nossa essência imortal – para que esta aprenda com seus erros através do sofrimento
e das limitações de sua personalidade e corpo físico. É sábio trabalhar com a
natureza, se nos afastamos muito dessa abordagem, problemas inesperados podem
surgir e tornarem as coisas ainda piores.
P. Então você percebe a maioria das
restrições, doenças etc na vida como lições a serem aprendidas?
R. Bem isso, mas considerando que as
vezes há algumas exceções, que acontecem por outras razões, mas no geral essa
tem sido a conclusão de minhas investigações quanto a maioria dos casos que
observei; são sofrimentos causados por comportamentos errôneos, especialmente
quando se fere outras pessoas. Porém, como muitas vezes as causas dessas
dificuldades estão em vidas anteriores, o problema não é compreendido pela
pessoa.
P. Não podem esses problemas serem
retificados através de formas de terapia como a hipnose ou regressão a vidas
passadas?
R. Há dois componentes a sua questão: o
primeiro é educação – pois o “Self” (a alma espiritual) compreendeu que a
personalidade causou a desarmonia ao ferir outras pessoas e se arrepende disso,
então, de alguma forma, a dor ou limitação que sua psique ou seu corpo físico
está experimentando é, até algum grau, mitigada. O outro componente envolve
recompensar a pessoa que foi prejudicada, com frequência isso deve ser feito
pessoalmente, o que torna difícil se a pessoa já faleceu ou vive em outro
continente. As vezes a pessoa que foi ferida não era totalmente inocente e o
fato dela ter sofrido era parte também de seu próprio padrão karmico, o que
introduz a ideia de um “agente kármico”, neste caso uma completa reparação não
necessita ser feita pessoalmente. Dívidas karmicas podem ser modificadas, e
permanecem conosco por um longo tempo. Mas o ajuste sempre ocorre no final,
como nos ensinou Jesus ao falar da exatidão da lei “é
mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer da Lei.” (Lucas 16:17).
Enquanto isso, ao agir de forma gentil e auxiliar os outros, uma pessoa tem
mais chance de afrouxar certos tipos de influências que nos mantém presos ao
ciclo reencarnatório, no budismo as chamamos de skandas. Mas para responder sua
questão: hipnose e regressão, especialmente feitas no momento certo, podem
ajudar, mas não espere que essas práticas resolvam todo o problema e não espere
que elas sejam sempre exatas. Na verdade, em minha experiência observo que
pesquisar a vida pregressa das pessoas é uma das coisas mais difíceis de se
fazer com exatidão.
P. E no caso de vidas passadas que são
reveladas por um Mestre de Sabedoria?
R. Se um Mestre de Sabedoria fornece a
informação, então obviamente neste caso é diferente, pois ele pode ver as
coisas de forma muito mais clara. Além disso, se o terapeuta foi
consistentemente capaz de conseguir tal auxílio e direcionamento, isto
implicaria que tal terapeuta é um discípulo ou iniciado – algo que até é
possível, mas é raro. Quando você menciona um guia, isso implica em uma
abordagem espiritualista, e os Mestres nos ensinaram que eles nunca usam a
mediunidade como um veículo para as informações deles – não é nem um pouco confiável
e também é potencialmente prejudicial para a saúde do médium. Porém as vezes
eles atuam juntamente com um discípulo se há um trabalho especial a ser feito,
e externamente isso pode parecer semelhante à mediunidade. Um conselho que eu
daria é nunca automaticamente aceitar a palavra de uma pessoa desencarnada de
que ela é um Mestre. Veja bem, o grande problema é que a pessoa comum não pode
ver e examinar quem é essa outra pessoa com quem ela se comunica, e muitas
vezes é apenas uma pessoa morta comum no plano astral que quer manter uma
continuidade sem exatamente saber o que está falando, outras vezes pode ser um
Elemental que se diverte enganando as pessoas, ou até mesmo pior, pode ser um
dugpa (um mago negro) que está tentando desencaminhar a pessoa e leva-la por
uma trilha que a jogará para fora da Senda. Apenas muito raramente é um ser
angélico (deva) ou um Mestre de Sabedoria, e como eu disse, eles não se
comunicam através de mediunidade.
P. Como diferenciar o genuíno do
charlatão?
R. Fico relutante em emitir um
julgamento sobre outros. Em qualquer caso teria que examinar cada caso
particular em seus méritos, mas em termos gerais você deve procurar por um
indivíduo que está tentando auxiliar de maneira altruísta, preferencialmente
sem cobrar nenhum dinheiro. Caso ele precise de uma ajuda financeira para
sobreviver atuando dessa forma, ele o faz através de um sistema de doação.
Alguém que cobra uma grande quantidade de dinheiro pode estar sendo, consciente
ou inconscientemente, manipulado por entidades do plano astral – se você tem
uma motivação centrada em si mesmo, você não pode alcançar as verdades
superiores.
Porém eu diria que se um terapeuta
possui um histórico de auxiliar as pessoas a melhorarem, então este é um bom
indicador – devemos sempre levar a sério alguém que provou no passado ter
ajudado outras pessoas. Você sabe que as vezes as pessoas estão a procura de um
analista, e uma recomendação verbal pode evitar muita complicações.
P. Como a medicina moderna explica
aquelas curas milagrosas? É um tipo de cura pela fé?
R. Receio dizer que ela não explica.
Você pode achar que é um ato de fé, mas se a pessoa acredita ou não na eficácia
da "cirurgia espiritual" tem pouca relação com seus resultados. A
questão mais importante é se o karma que causou aquela doença já foi quase
esgotado. Isso pode ocorrer de duas formas. Ou a pessoa já sofreu o suficiente
para que sua alma espiritual aprenda e repare seus erros, ou a pessoa pode
equilibrar sua balança karmica através de bons atos. De qualquer forma é
uma lei universal, se a causa karmica do problema foi retificada, então a
doença deve necessariamente partir e a saúde retornar.
P. Certamente tais “cirurgiões
psíquicos” são raros. Mesmo formas mais simples de terapeutas eficientes
parecem estar em falta. A pessoa deve tentar usar o que tem disponível?
R. Você está correto ao dizer que não
há número suficiente de terapeutas de qualidade – eu os chamaria de curadores
espirituais. Mas como lhe expliquei, muitas coisas são bloqueadas da visão até
que a pessoa tenha força interna para lidar com elas, este é o principal motivo
das pessoas não se lembrarem de suas vidas passadas. Às vezes essa restrição ou
limitação que a pessoa tem que suportar é parte do processo de cura. Quando
chegar a hora, a resolução do problema ocorrerá e o curador adequado será
encontrado. Erros podem ser feitos ao interpretar a informação que surge, e as
vezes um simbolismo psicológico pode ser mal interpretado como uma memória de
vida passada. O teste é perceber se a pessoa melhora ou se seu sofrimento é
atenuado. Eu diria que um terapeuta genuíno, ou um curador, pode ser
extremamente útil muitas vezes, pois em certas ocasiões esses curadores atuam
em conjunto com seres angélicos, médicos desencarnados e, em raras ocasiões,
com adpetos que trabalham anonimamente.
P. Suponho que a maioria das pessoas
não se lembre de suas vidas anteriores pois elas já tem coisas o suficiente
para lidar na vida atual sem se complicar com o que fizeram nas passadas.
R. Exatamente. Por exemplo, você acha
que as pessoas seriam ajudadas pela consciência de que foram um assassino ou um
torturador em uma vida anterior? Acha que elas seriam capazes de suportar tal
conhecimento com equanimidade? Em alguns casos isso só tornaria a situação
delas pior. A natureza nos abençoa com o esquecimento, de modo que podemos
trabalhar nosso caminho na vida presente sem sermos puxados por sentimentos de
culpa ou vergonha. Você precisa entender que somos muito velhos, e que,
especialmente nos estágios mais primitivos de nosso desenvolvimento, fizemos
muitas coisas ruins aos outros. Tristemente, algumas pessoas continuam a fazer
coisas muito nocivas ainda hoje, basta olhar as notícias.
P. Entendo o que você quer dizer, mas
no caso da regressão, as informações mais traumáticas viriam à tona? Não seria
apenas aquilo que a pessoa tem capacidade de suportar?
R. Não necessariamente, às vezes o
terapeuta pode forçar o passo. Um terapeuta sábio estaria ciente dos perigos de
revelações prematuras, outros, temo dizer, correm para os recônditos que até
mesmo os anjos receiam entrar. Quando você começa a cavoucar nessas áreas do
inconsciente, é como abrir a caixa de Pandora, você não tem como saber de
antemão o que vai sair.
Um problema comum que tenho
testemunhado é o que ocorre nessa cultura de drogas em que muitos,
especialmente os mais jovens, experimentaram as chamadas drogas para expansão
de consciência e ficaram fixados em alguma cena de pesadelo de seu
subconsciente - tal cena pode ter vindo do plano astral ou ser uma memória de
alguma experiência terrível na vida presente ou passada. Isso me levou a
acreditar que a precipitação de tais experiências antes do tempo certo nem
sempre é algo positivo. Mesmo na psicologia convencional, experts como C.G.Jung
sempre alertaram sobre o perigo de trazer à tona precocemente um trauma
psicológico; pior ainda é no caso de problemas que estão enterrados mais
profundamente. Durante consultas eu tento falar à alma imortal da pessoa, e
muito frequentemente esta não sente que a personalidade está pronta para
suportar o impacto completo da consciência da causa de seus problemas. É por
isso que sugiro que a pessoa deixe o tempo agir, que deixe a natureza tomar
conta dos problemas, e que ela vá trabalhando aquilo que é mais facilmente
avaliável, como praticar meditação, fazer boas obras, servir, estudar teosofia
– podem ser medidas mais lentas e que requerem mais trabalho, mas muitas vezes
são mais seguras que uma intervenção psicológica profunda. A psique humana é
como uma delicada porcelana – se a derrubamos, facilmente se quebra, e nunca
será satisfatoriamente reparada, não durante o balanço desta vida.
P. Você mencionou o problema das
drogas de “expansão de consciência”. Você foi capaz de ajudar pessoas com
problemas envolvendo drogas?
R. Depende de quanto dano causaram a si
mesmas. Você sabe que a natureza nos forneceu uma forma de proteção que muitas
vezes é chamada de “escudo astral” ou “teia astral de proteção”. Isto é uma
camada de átomos altamente comprimidos entre o físico/etérico e o astral, esta
barreira impede que as influências negativas entrem na aura. Quando drogas são
ingeridas, há uma tendência de quebrar este escudo, permitindo que todas as
influências negativas do astral entrem na aura da pessoa, especialmente através
dos chakras. A gama dos problemas podem ir de alucinações, ilusões, até uma
ampla escala de obsessões por entidades humanas ou sub-humanas. Se o processo
de abuso de drogas ocorreu em um grau mais avançado, então, nenhum reparo que
eu possa fazer vai ajudar. Não é preciso ter clarividência para perceber se o
cérebro sofreu danos, ao conversar com essas pessoas você pode perceber que de
repente elas se desligam, ficam meio “off”, ou não conseguem fazer sentido de
si mesmas.
Me sinto muito triste quando esses
jovens veem a mim e perguntam “se eu parar agora, eu vou ficar bem?”. Em
algumas ocasiões, ao derramar energias curadoras muito poderosas, é possível
revitalizar algumas das células cerebrais danificadas, mas só farei isso se a
pessoa prometer cessar com o abuso de drogas para sempre. Infelizmente é com
muita frequência que a resposta para essa pergunta é a de que dano demais já
foi feito ao cérebro. Não direi isso a pessoa, pois não quero destruir a
esperança, mas percebo que essa pessoa passará o resto de sua vida entrando e
saindo de instituições psiquiátricas. Nunca serão capazes de manter um emprego,
criar uma família de maneira saudável, viver uma vida normal – em outras
palavras, eles efetivamente arruinaram suas vidas além de qualquer reparação e
criaram um karma negativo adicional. Ao invés de serem contribuidores em
potencial para o mundo, se tornam o oposto. É triste, eu aviso as pessoas sobre
o quão perigoso é essa experimentação com drogas.
Q. Também serão afetadas suas vidas
futuras?
A. Sim, bem lembrado! Encontrei
casos em que as pessoas se afundaram na sub-cultura da droga devido a uma
fraqueza causada pelo mesmo abuso em vidas anteriores.
P. Porque você acha que as pessoas
experimentam drogas?
R. Ah por muitas razões! Essas razões
incluem uma criação fraca e irresponsável por parte de seus pais, pressão
exercida por grupos, tédio com a vida, bem como um mau direcionamento na busca
espiritual, uma forma errada de expandir a consciência, e a já mencionada
fraqueza causada por vidas passadas.
P. É mesmo possível expandir a
consciência através do uso de drogas? Não há algumas sugestões de que o cérebro
produz substâncias semelhantes a algumas drogas?
R. Devo responder essa questão na
negativa, pois grande e devastador é o mal que tem sido causado a indivíduos e
nações devido ao uso de drogas. Nada deve ser dito de modo a encorajar as
pessoas a experimenta-las. Porém, ironicamente, sob certas circunstâncias é
possível alterar a consciência. Contudo, a informação geral a que se tem acesso
através de pessoas comuns é uma informação “selvagem” e sem estrutura e,
portanto, não é de bom uso para um genuíno aspirante espiritual. Isto se dá
pois não há nenhuma estrutura preparada no cérebro através da qual uma
experiência elevada pode se manifestar.
É terrível que as pessoas sejam
ingênuas ao ponto de achar que vão tirar crescimento espiritual de uma garrafa
ou um cachimbo, e pior ainda são os efeitos colaterais. Na verdade as vezes
apenas uma única dose de uma droga como LSD pode permanentemente danificar o
delicado mecanismo da consciência no cérebro, especialmente relacionado a
alternância do cérebro entre o tálamo e o hipotálamo, juntamente com as
glândulas pineal e pituitária. Assim, de modo geral, o uso contínuo de drogas
impedirá qualquer progresso espiritual real naquela vida.
Em alguns casos muito ruins a pessoa
terá flashbkacks de natureza bastante negativa pro resto de sua vida. Além
disso, há o problema que já mencionei de destruição da tela de proteção astral.
Isto me levou a enfaticamente avisar as pessoas: se você quer uma experiência
espiritual, procure-a de modo seguro, através da meditação. Infelizmente para muitos
jovens o desejo é de resultados instantâneos, e assim eles continuam a fazer
experimentos com drogas – um erro grave!
P. Eles dizem que a maconha não é tão
prejudicial e que em alguns países ela está sendo legalizada.
R. De minhas pesquisas clarividentes
posso dizer que a maconha também implica nos mesmos problemas mencionados, não
é apenas uma porta de entrada para drogas piores, é em si mesma igualmente
destrutiva para o mecanismo da consciência, especialmente se usada
extensivamente. Na minha opinião é uma grande pena que seja encorajada.
P. Não foram as drogas às vezes
utilizadas em culturas antigas por xamãs? Não havia nos mistérios Eleusius uma
poção que promovia experiências fora do corpo e não foram o soma dos Vedas, e a
psilocibina dos cogumelos dos índios da América Central parte de uma
forma de experiência mística?
R. Não nego que em certas
circunstâncias tais experiências ocorreram, mas eu diria a você que no caso de
um líder xamânico que realmente tivesse um dom e uma espiritualidade avançada,
as drogas não eram de uso contínuo. Eram usadas em um sacramento ocasional
superimposto em um sistema elaborado de um treinamento altamente disciplinado,
e a administração de tais substâncias para outros era supervisionada de perto
quanto à dosagem e os resultados eram monitorados por clarividência. Nos dias
atuais, essas drogas não são monitoradas e isso coloca as pessoas em risco. Em
alguns xamãs menos evoluídos o abuso de drogas é abundante e certamente eles
pagarão um preço por isso.
P. Ouvi dizer que há algumas sugestões
médicas que indicam que o uso contínuo de cogumelos que contém substâncias
psicoativas pode causar o aparecimento prematuro da doença Alzheimer.
R. Isso não me espanta, veja bem,
quando você começa a envenenar as delicadas células do cérebro com essas
substâncias você nunca sabe qual será o real resultado disso no futuro. Os
resultados podem incluir a destruição da consciência normal, doenças psíquicas,
quebra da proteção astral, obsessão por entidades. Fortemente enfatizo que
todos os benefícios (e nenhum dos riscos) podem ser atingidos através do
processo de sábia meditação.
No caso de cerimoniais sagrados (os
Mistérios) que levam ao discipulado verdadeiro, um Mestre mostrará como
desenvolver os siddhis (poderes psíquicos e espirituais) de uma forma segura e
apenas quando forem úteis para o aspirante e para a humanidade (nunca antes
disso e de forma forçada).
A ideia é tornar-se supra-consciente, o
que significar trazer o corpo físico, as emoções e a mente sob o controle da
vontade espiritual, de modo que esses veículos “inferiores” possam ser
transcendidos e fornecer acesso consciente completo ao plano intuitivo. Isto
pode ser alcançado sem o uso de drogas, e os ganhos são permanentes e sem
efeitos colaterais. Para isto ocorrer as células cerebrais devem estar
saudáveis e trabalhar em ordem, sem isso não podem acessar nenhuma impressão
supra-física.
P. Alguns podem considerar que seus
métodos são lentos e desnecessários?
R. Isto é porque vivemos numa era em
que as pessoas esperam gratificação instantânea de seus desejos, ou, em alguns
casos, estão apenas experimentando. É minha opinião que tais experimentos não
devem ser feitos por uma pessoa racional – o risco é simplesmente muito alto.
No mundo antigo era aceito que antes que a sabedoria genuína pudesse ser
conferida a alguém, eram necessários muitos anos de preparação e dedicação
disciplinada. E os testes para verificar se a pessoa estava pronta eram
bastante controlados e severos. Hoje em dia as pessoas parecem achar que deviam
ter os mesmos resultados depois de fazer um curso de fim de semana ou usar
alguma droga.
P. O estudo ajuda?
R. Alguns tipos de estudo como a
matemática, especialmente a geometria, são muito úteis para a vida espiritual e
algumas pessoas desenvolveram uma clarividência bastante pura ou outro tipo de
visão interna quase que espontaneamente ao longo dessas linhas. Você
provavelmente leu meu artigo sobre Lewis Carroll (que foi um matemático), penso
que seus livros sobre Alice foram bastante inspirados na sabedoria perene
devido ao modo matemático que sua mente foi treinada. E claro, há o maior de
todos eles, Pitágoras, que também foi um grande visionário e filósofo no mundo
antigo e hoje é um Mestre de Sabedoria. É claro que o estudo que eu realmente
recomendo é Teosofia. Na teosofia temos compactadas em um assunto tanto a
explicação, a disciplina intelectual e a sabedoria. Tenho sugerido às pessoas
que estudem teosofia como se estivessem estudando para um diploma
universitário. Acredite, se as pessoas colocassem o mesmo tanto de esforço em
estudar teosofia que colocam em assuntos acadêmicos convencionais, muitos mais
veriam resultados realmente espirituais em suas vidas, especialmente a expansão
da consciência.
P. E quanto a formas alternativas de
auto-conhecimento como as sugeridas pelos ensinamentos da Nova Era?
R. Você sabia que foi a Teosofia que
trouxe ao mundo moderno o conceito de Nova Era – a entrada do planeta Terra na
Era de Aquário causada pela precessão de equinócios – que nos abre a energias e
influências de fora de nossos Sistema Solar. A apresentação moderna da Teosofia
é parte desse processo. É igualmente verdade, como a Sra. Blavatsky mesmo
disse, que “Ninguém nunca disse a última palavra em Teosofia”. No entanto,
notei em minhas viagens pelo mundo que entre as mudanças aparentes,
especialmente entre os jovens, há algumas ideias que frequentemente são
interpretadas como novas abordagens ao autoconhecimento, mas na verdade nenhuma
“nova” forma existe; pois as leis da vida espiritual não dependem do tempo e
são imutáveis.
As velhas regras permanecem e a obediência a elas é o único meio seguro
e certo para a iluminação espiritual, apesar de despreparados, buscadores
jovens e antigos seguem essas regras. Não estão prontos pois os resultados de
sua aplicação não são imediatos, exceto nos casos de discípulos, iniciados e yoguis
de sucesso que renascem. Estas são as regras como nós podemos compreende-las:
1.
O progresso na vida oculta é totalmente dependente em se tornar absorto
nela, e de forma inabalável perseguir um propósito espiritual de vida; sem
isto, apenas a falha se seguirá. Cada aspirante é avisado para, na quietude de
suas próprias mentes e corações, esclarecer seu conceito de que objetivo ele
está buscando, rever suas motivações.
2.
O progresso e realização do propósito deve se
tornar o objetivo supremo. Deve ser pensado cuidadosamente, e com dedicação,
então escrito e mentalmente repetido até estar completamente absorto no
aspirante. Incidentalmente, uma solução para problemas mentais e psicológicos
pode consistir em tirar completamente o pensamento desses problemas e
poderosamente reafirmar o objetivo, com uma mente focada.
3. O
Karma, externamente favorável ou desfavorável, deve ser inteligentemente
compreendido e aceito. Se for favorável para a obtenção do ideal, então se deve
aproveitar as oportunidades existentes. Se for desfavorável, isto é, limitante,
então as limitações resultantes devem ser vencidas da melhor forma possível, e
inteligentemente aceitas como parte do padrão auto-criado da vida do aspirante.
Ambas situações devem ser aceitas com calma.
4. De
certo ponto de vista – o espiritual – as pessoas na vida do aspirante são os
mais informativos professores. Do convívio com essas pessoas grande sabedoria
pode ser atingida. A alegria pode ser apreciada com gratidão e inteligência,
enquanto que a infelicidade pode ser objeto de estudo desapegado, especialmente
com o objetivo de construir o caráter. É útil formular os prováveis erros que
fizeram surgir adversidades, e não repetir tais erros. Lembre que a
infelicidade é resultado de karma adverso, e é preciso buscar as causas das
ações e deixar de fazer o mal aos outros. Deve-se buscar
ser inofensivo e misericordioso. No melhor que
as circunstâncias permitirem, o verdadeiro ocultista deve praticar
Ahimsa (não violência).
5. Por
mais ativa que seja a vida externa, o aspirante deve praticar com consistência
períodos de quietude contemplativa que levem ao silêncio mental. Na prática da
contemplação a mente pode ser direcionada não apenas ao Divino e a união com
este, mas também a certas ideias e verdades fundamentais, com o objetivo de
desperta-las na mente, ganhando completo entendimento sobre elas. O ideal é
desenvolver uma condição de equilíbrio com o intelecto, em que se possa
silencia-lo a vontade – é o local de união alma-espírito.
6. Motivação,
isto é o mais importante. Deve ser uma motivação natural, nascida de uma determinação
de atingir o objetivo. Deve ser inabalável, protegida de ataques externos.
Enquanto por dentro torna-se mais forte, mais profunda e crescentemente
transformando-se em um propósito único na vida, em que toda as outras
atividades diárias se alinham de acordo com esse propósito. O aspirante se
torna a encarnação viva e a manifestação desse propósito que é mais algo que
nasce e cresce do interior do que algo que é formulado pela mente.
Por
mais sério que tudo isso deva parecer, e certamente o é, um toque mais leve em
direção aos afazeres mais imediatos e transitórios, associados com a vida
diária, deve ser cultivado. A vida espiritual não é algo terrivelmente maçante,
mas é caracterizada por experiências de grande felicidade, que aprofundam-se na
alegria e em uma serenidade subjacente. A realização deste equilíbrio de
opostos aparentes – seriedade interior e leveza e felicidade exterior – é útil
na vida oculta e um valioso meio de auto-treinamento baseado na vigilância que
é livre de egoísmo.
P. Você pensa que o discipulado real
está ao alcance de alguns teosofistas?
R. Sim, e não apenas teosofistas, mas
muitas pessoas que fazem grandes sacrifícios pela humanidade e até mesmo que
auxiliam em outras áreas, como ajudando o reino animal. Penso que o motivo que
leva a apenas poucas pessoas que conhecem sobre essas coisas terem
sucesso é: 1) A motivação deve ser absolutamente pura e inegoísta e 2) é
preciso completa aplicação a causa. Se esses dois fatores estão atuando e os
débitos karmicos não são demasiadamente pesados, então os portões se abrirão
para o maior dos privilégios. Além do mais, sabemos que os Mestres buscam
pupilos puros de coração para treinar nesses tempos difíceis, pois é preciso
mais auxiliares no mundo e eles tem tantas outras questões importantes para
lidar. Um mestre disse nas Cartas dos Mahatmas, “se você der um passo em
nossa direção, nós daremos dois na sua.”
P. Há alguma lista detalhada das
qualificações necessárias para entrar neste caminho?
R. As qualificações têm sido descritas
em muitos livros e são o coração das grandes religiões do mundo. No budismo
encontramos o caminho óctuplo, no cristianismo considera-se que Jesus está se
dirigindo aos aspirantes no Sermão da Montanha e no hinduísmo encontramos
conselhos em numerosas escrituras e textos de yoga. Na teosofia temos muitos
livros que tratam do assunto, os principais são A Voz do Silêncio, Luz
no Caminho, Aos Pés do Mestre. Eu mesmo contribuí com Meditações
Sobre a Vida Oculta e a Senda para Perfeição, assim como
com um livro introdutório intitulado O Chamado do Alto. A teosofia
é de interesse particular pois possui uma linguagem atualizada em relação aos
textos sagrados, o que torna mais compreensível.
P. Será que o estudo desses livros
ajuda a acelerar o processo de qualificação para o discipulado?
R. Sim, especialmente se são estudados
de forma sincera, colocando em prática os princípios. Deixe-me detalhar mais:
Primeiro eu diria que é necessário compreender que todo o propósito de estarmos
vivos, e de nossa presença junto aos outro, é ajudar. Claro que esse ajudar se
aplica a todas as pessoas, mas aqueles que estão perto de nós são naturalmente
mais suscetíveis a nossa influência, e quanto mais próximos eles ficam mais
importante é dirigir nossos pensamentos, de forma discreta e sem nenhum sentido
de superioridade, para as mais profundas verdades da vida. Isto se torna com o
passar do tempo cada vez mais natural, e transforma-se em um procedimento
contínuo, quer inteiramente deliberado ou não.
Aqueles que aspiram o privilégio do
discipulado, mais especificamente, devem manter essa “atitude de senda” sempre
perto da superfície de seus pensamentos e então – de forma razoável e sensível
– suas maneiras, posturas, olhares e abordagens pessoais devem refletir essa
atitude interior. Mantendo essa postura o aspirante deve cada vez mais estar em
guarda de si mesmo, consciente em todas as relações humanas. Esta é uma das
mudanças importantes que ocorrem no caráter daqueles que, tendo aprendido o
propósito geral da vida, e o da vida interna, aspiram ardentemente seguir a
senda para a iluminação. Tendo compreendido os detalhes e tendo feito deles
parte de sua vida e caráter, assim o ideal nunca deve afastar-se da mente, e
deve ser a motivação subjacente a toda ação no mundo. O budismo chama essa
atitude de “plena atenção”.
P. Como podemos progredir rapidamente
nessa “Senda” interna em direção ao Adeptado?
R. A determinação de galgar a senda o
mais rápido possível é baseada unicamente no conhecimento de que cada passo
dado para frente nos torna mais capazes e efetivos no serviço ao mundo.
Ao longo de todo o processo, o
aspirante deve ser guiado por uma sabedoria cheia de discernimento, que busca
aplicar as regras do ocultismo em suas motivações físicas, pensamentos, sentimentos
e vida diária.
É importante enfatizar a grande
importância do REALISMO no que concerne a vida oculta. Apesar de outros
caminhos do conhecimento permanecerem abertos, uma atitude mental estritamente
realista é essencial quando falamos de vida oculta. Neste caso não há nenhum
espaço para o desejo de realizar fantasias que foram imaginadas.
Já que a palavra ocultismo significa o
estudo e aplicação do que está “escondido”, uma tendência ao erro é, portanto,
potencialmente presente, e deve-se ter vigilância sobre isso. É preciso ter
habilidade em evitar que a atividade da mente impeça a presença da intuição.
Uma postura aberta a intuições deve ser mantida, e feita funcionar em conjunto
com a mente. É preciso haver quietude mental.
Enquanto o executar das
responsabilidades, deveres e disciplinas do discipulado concernem o ocultista
em sua vida encarnada, a experiência, que é de grande importância, concerne à
alma imortal do discípulo.
A eliminação do Ahankara (Egocentrismo)
é de vital importância. E a total ausência de uma ideia sobre ganhos pessoais
ou recompensas pelo serviço prestado é decisiva.
* Tradução Alaya Dullius.
muito bom!
ResponderExcluirmuito bom, coerente e verdadeiro...
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