terça-feira, 26 de junho de 2012

Respostas Maduras de Geoffrey Hodson


Hodson sobre terapia de vidas passadas; cura; uso de drogas para expandir a consciência; a importância do estudo e da reta motivação na senda espiritual



Agora se tornará claro que Geoffrey Hodson fez um comprometimento de vida com o ensino e prática da Teosofia. Porém, dada a vasta liberdade de pensamento permitida dentro da Sociedade Teosófica, muitos membros interpretaram a Teosofia das mais amplas maneiras possíveis, e, possivelmente também de maneiras incorretas. Sem interferir no direito de todos interpretarem, penso que é interessante apontar que o Sr. Hodson foi capaz de atingir o que muitos outros teosofistas não eram capaz de fazer, pesquisar conscientemente aquilo que outros apenas podiam falar sobre, especular.
Para mim isto o torna um professor de teosofia que podemos colocar em uma categoria especial – aqueles que podiam identificar itens de sua própria pesquisa e correlaciona-los com uma acurada tradição teosófica. Ele foi de fato uma dessas pessoas que a Sra. Blavatsky referiu quando descreveu a Teosofia como “os exames repetidas de geração após geração de videntes treinados”
O cuidado e dedicação que ele teve com suas investigações modelaram e demonstraram o caminho para aqueles que no futuro atingiriam entendimentos semelhantes. Além do mais, ele o fez de uma forma completamente isenta de exentricidades de comportamento, e sem desencaminhar as pessoas por caminhos falsos. Isto o fez um guia seguro, uma pessoa que podia ser confiada, alguém que não iria colocar outros em perigo.
Não estou dizendo que ele não tenha cometido erros ao longo do caminho, mas em minha opinião estes erros foram relativamente pequenos e causados pelo fato de que ele ainda estava amadurecendo em sua linha de trabalho específica. Ninguém está livre de cometer erros, até mesmo os grandes cientistas cometeram erros antes de amadurecerem suas teorias, que só se firmaram após repetidos testes e investigações; e no campo religioso o mesmo e verdadeiro. Como deve ser difícil para o cientista do oculto, do invisível.
Outra característica dos ensinamentos de Hodson é a de que não era incomum ele, em algumas ocasiões, falar de maneira “oracular”, isto é, suas afirmações podiam ser interpretadas de acordo com a consciência (ou falta de consciência) das pessoas que as ouviam.
A fim de ajudar os aspirantes espirituais, incorporei algumas das palavras e opiniões do Sr. Hodson sobre uma variedade de temas. São opiniões tomadas de discussões pessoais, correspondências, palestras, livros e artigos. Coloquei-as em um dialogo imaginado. Algumas dessas ideias não aparecem em domínio publico, e foram compartilhadas muito privadamente.

P. Há uma escola de pensamento psicológico que afirma que não importa como você arranjou o problema, mas que agora você o vivencia, portanto vamos lidar com o que você tem.

R.   Sim, mas assim não funciona! Não leva em conta as causas do sofrimento. Para a pessoa que não tem acesso às causas primarias o elo entre os impedimentos presentes e as causas internas destas coisas não é imediatamente óbvio, se torna misterioso, nos perguntamos “porque este sofrimento está acontecendo comigo?”. É estranho dizer que este é o início da sabedoria, se fazemos uma questão com sinceridade, e pelo tempo necessário, obteremos uma resposta. Isto acontece pois tal impedimento ou sofrimento ensina à alma lições que ela não apreenderia de outra forma. Muitas pessoas vivem suas vidas em estado de negação. Sofrimento, doença, impedimentos, isto nos força a um estado em que é necessário deixarmos de negar e nos abrirmos para o verdadeiro aprendizado, para a compreensão de que somos os verdadeiros responsáveis por nossa situação. Assim, você compreende que não é possível resolver um problema psicológico profundo através do isolamento, é preciso primeiro tornar-se receptivo, e só então uma solução pode se apresentar. A Natureza se foca na Alma Espiritual – nossa essência imortal – para que esta aprenda com seus erros através do sofrimento e das limitações de sua personalidade e corpo físico. É sábio trabalhar com a natureza, se nos afastamos muito dessa abordagem, problemas inesperados podem surgir e tornarem as coisas ainda piores.

P. Então você percebe a maioria das restrições, doenças etc na vida como lições a serem aprendidas?

R. Bem isso, mas considerando que as vezes há algumas exceções, que acontecem por outras razões, mas no geral essa tem sido a conclusão de minhas investigações quanto a maioria dos casos que observei; são sofrimentos causados por comportamentos errôneos, especialmente quando se fere outras pessoas. Porém, como muitas vezes as causas dessas dificuldades estão em vidas anteriores, o problema não é compreendido pela pessoa.

P. Não podem esses problemas serem retificados através de formas de terapia como a hipnose ou regressão a vidas passadas?

R. Há dois componentes a sua questão: o primeiro é educação – pois o “Self” (a alma espiritual) compreendeu que a personalidade causou a desarmonia ao ferir outras pessoas e se arrepende disso, então, de alguma forma, a dor ou limitação que sua psique ou seu corpo físico está experimentando é, até algum grau, mitigada. O outro componente envolve recompensar a pessoa que foi prejudicada, com frequência isso deve ser feito pessoalmente, o que torna difícil se a pessoa já faleceu ou vive em outro continente. As vezes a pessoa que foi ferida não era totalmente inocente e o fato dela ter sofrido era parte também de seu próprio padrão karmico, o que introduz a ideia de um “agente kármico”, neste caso uma completa reparação não necessita ser feita pessoalmente. Dívidas karmicas podem ser modificadas, e permanecem conosco por um longo tempo. Mas o ajuste sempre ocorre no final, como nos ensinou Jesus ao falar da exatidão da lei “é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer da Lei.” (Lucas 16:17). Enquanto isso, ao agir de forma gentil e auxiliar os outros, uma pessoa tem mais chance de afrouxar certos tipos de influências que nos mantém presos ao ciclo reencarnatório, no budismo as chamamos de skandas. Mas para responder sua questão: hipnose e regressão, especialmente feitas no momento certo, podem ajudar, mas não espere que essas práticas resolvam todo o problema e não espere que elas sejam sempre exatas. Na verdade, em minha experiência observo que pesquisar a vida pregressa das pessoas é uma das coisas mais difíceis de se fazer com exatidão.

P. E no caso de vidas passadas que são reveladas por um Mestre de Sabedoria?

R. Se um Mestre de Sabedoria fornece a informação, então obviamente neste caso é diferente, pois ele pode ver as coisas de forma muito mais clara. Além disso, se o terapeuta foi consistentemente capaz de conseguir tal auxílio e direcionamento, isto implicaria que tal terapeuta é um discípulo ou iniciado – algo que até é possível, mas é raro. Quando você menciona um guia, isso implica em uma abordagem espiritualista, e os Mestres nos ensinaram que eles nunca usam a mediunidade como um veículo para as informações deles – não é nem um pouco confiável e também é potencialmente prejudicial para a saúde do médium. Porém as vezes eles atuam juntamente com um discípulo se há um trabalho especial a ser feito, e externamente isso pode parecer semelhante à mediunidade. Um conselho que eu daria é nunca automaticamente aceitar a palavra de uma pessoa desencarnada de que ela é um Mestre. Veja bem, o grande problema é que a pessoa comum não pode ver e examinar quem é essa outra pessoa com quem ela se comunica, e muitas vezes é apenas uma pessoa morta comum no plano astral que quer manter uma continuidade sem exatamente saber o que está falando, outras vezes pode ser um Elemental que se diverte enganando as pessoas, ou até mesmo pior, pode ser um dugpa (um mago negro) que está tentando desencaminhar a pessoa e leva-la por uma trilha que a jogará para fora da Senda. Apenas muito raramente é um ser angélico (deva) ou um Mestre de Sabedoria, e como eu disse, eles não se comunicam através de mediunidade.

P. Como diferenciar o genuíno do charlatão?

R. Fico relutante em emitir um julgamento sobre outros. Em qualquer caso teria que examinar cada caso particular em seus méritos, mas em termos gerais você deve procurar por um indivíduo que está tentando auxiliar de maneira altruísta, preferencialmente sem cobrar nenhum dinheiro. Caso ele precise de uma ajuda financeira para sobreviver atuando dessa forma, ele o faz através de um sistema de doação. Alguém que cobra uma grande quantidade de dinheiro pode estar sendo, consciente ou inconscientemente, manipulado por entidades do plano astral – se você tem uma motivação centrada em si mesmo, você não pode alcançar as verdades superiores.
Porém eu diria que se um terapeuta possui um histórico de auxiliar as pessoas a melhorarem, então este é um bom indicador – devemos sempre levar a sério alguém que provou no passado ter ajudado outras pessoas. Você sabe que as vezes as pessoas estão a procura de um analista, e uma recomendação verbal pode evitar muita complicações.

P. Como a medicina moderna explica aquelas curas milagrosas? É um tipo de cura pela fé?

R. Receio dizer que ela não explica. Você pode achar que é um ato de fé, mas se a pessoa acredita ou não na eficácia da "cirurgia espiritual" tem pouca relação com seus resultados. A questão mais importante é se o karma que causou aquela doença já foi quase esgotado. Isso pode ocorrer de duas formas. Ou a pessoa já sofreu o suficiente para que sua alma espiritual aprenda e repare seus erros, ou a pessoa pode equilibrar sua balança karmica através de bons atos. De qualquer forma é uma lei universal, se a causa karmica do problema foi retificada, então a doença deve necessariamente partir e a saúde retornar.

P. Certamente tais “cirurgiões psíquicos” são raros. Mesmo formas mais simples de terapeutas eficientes parecem estar em falta. A pessoa deve tentar usar o que tem disponível?

R. Você está correto ao dizer que não há número suficiente de terapeutas de qualidade – eu os chamaria de curadores espirituais. Mas como lhe expliquei, muitas coisas são bloqueadas da visão até que a pessoa tenha força interna para lidar com elas, este é o principal motivo das pessoas não se lembrarem de suas vidas passadas. Às vezes essa restrição ou limitação que a pessoa tem que suportar é parte do processo de cura. Quando chegar a hora, a resolução do problema ocorrerá e o curador adequado será encontrado. Erros podem ser feitos ao interpretar a informação que surge, e as vezes um simbolismo psicológico pode ser mal interpretado como uma memória de vida passada. O teste é perceber se a pessoa melhora ou se seu sofrimento é atenuado. Eu diria que um terapeuta genuíno, ou um curador, pode ser extremamente útil muitas vezes, pois em certas ocasiões esses curadores atuam em conjunto com seres angélicos, médicos desencarnados e, em raras ocasiões, com adpetos que trabalham anonimamente.

P. Suponho que a maioria das pessoas não se lembre de suas vidas anteriores pois elas já tem coisas o suficiente para lidar na vida atual sem se complicar com o que fizeram nas passadas.

R. Exatamente. Por exemplo, você acha que as pessoas seriam ajudadas pela consciência de que foram um assassino ou um torturador em uma vida anterior? Acha que elas seriam capazes de suportar tal conhecimento com equanimidade? Em alguns casos isso só tornaria a situação delas pior. A natureza nos abençoa com o esquecimento, de modo que podemos trabalhar nosso caminho na vida presente sem sermos puxados por sentimentos de culpa ou vergonha. Você precisa entender que somos muito velhos, e que, especialmente nos estágios mais primitivos de nosso desenvolvimento, fizemos muitas coisas ruins aos outros. Tristemente, algumas pessoas continuam a fazer coisas muito nocivas ainda hoje, basta olhar as notícias.

P. Entendo o que você quer dizer, mas no caso da regressão, as informações mais traumáticas viriam à tona? Não seria apenas aquilo que a pessoa tem capacidade de suportar?

R. Não necessariamente, às vezes o terapeuta pode forçar o passo. Um terapeuta sábio estaria ciente dos perigos de revelações prematuras, outros, temo dizer, correm para os recônditos que até mesmo os anjos receiam entrar. Quando você começa a cavoucar nessas áreas do inconsciente, é como abrir a caixa de Pandora, você não tem como saber de antemão o que vai sair.
Um problema comum que tenho testemunhado é o que ocorre nessa cultura de drogas em que muitos, especialmente os mais jovens, experimentaram as chamadas drogas para expansão de consciência e ficaram fixados em alguma cena de pesadelo de seu subconsciente - tal cena pode ter vindo do plano astral ou ser uma memória de alguma experiência terrível na vida presente ou passada. Isso me levou a acreditar que a precipitação de tais experiências antes do tempo certo nem sempre é algo positivo. Mesmo na psicologia convencional, experts como C.G.Jung sempre alertaram sobre o perigo de trazer à tona precocemente um trauma psicológico; pior ainda é no caso de problemas que estão enterrados mais profundamente. Durante consultas eu tento falar à alma imortal da pessoa, e muito frequentemente esta não sente que a personalidade está pronta para suportar o impacto completo da consciência da causa de seus problemas. É por isso que sugiro que a pessoa deixe o tempo agir, que deixe a natureza tomar conta dos problemas, e que ela vá trabalhando aquilo que é mais facilmente avaliável, como praticar meditação, fazer boas obras, servir, estudar teosofia – podem ser medidas mais lentas e que requerem mais trabalho, mas muitas vezes são mais seguras que uma intervenção psicológica profunda. A psique humana é como uma delicada porcelana – se a derrubamos, facilmente se quebra, e nunca será satisfatoriamente reparada, não durante o balanço desta vida.

P. Você mencionou o problema das drogas de “expansão de consciência”. Você foi capaz de ajudar pessoas com problemas envolvendo drogas?

R. Depende de quanto dano causaram a si mesmas. Você sabe que a natureza nos forneceu uma forma de proteção que muitas vezes é chamada de “escudo astral” ou “teia astral de proteção”. Isto é uma camada de átomos altamente comprimidos entre o físico/etérico e o astral, esta barreira impede que as influências negativas entrem na aura. Quando drogas são ingeridas, há uma tendência de quebrar este escudo, permitindo que todas as influências negativas do astral entrem na aura da pessoa, especialmente através dos chakras. A gama dos problemas podem ir de alucinações, ilusões, até uma ampla escala de obsessões por entidades humanas ou sub-humanas. Se o processo de abuso de drogas ocorreu em um grau mais avançado, então, nenhum reparo que eu possa fazer vai ajudar. Não é preciso ter clarividência para perceber se o cérebro sofreu danos, ao conversar com essas pessoas você pode perceber que de repente elas se desligam, ficam meio “off”, ou não conseguem fazer sentido de si mesmas.
Me sinto muito triste quando esses jovens veem a mim e perguntam “se eu parar agora, eu vou ficar bem?”. Em algumas ocasiões, ao derramar energias curadoras muito poderosas, é possível revitalizar algumas das células cerebrais danificadas, mas só farei isso se a pessoa prometer cessar com o abuso de drogas para sempre. Infelizmente é com muita frequência que a resposta para essa pergunta é a de que dano demais já foi feito ao cérebro. Não direi isso a pessoa, pois não quero destruir a esperança, mas percebo que essa pessoa passará o resto de sua vida entrando e saindo de instituições psiquiátricas. Nunca serão capazes de manter um emprego, criar uma família de maneira saudável, viver uma vida normal – em outras palavras, eles efetivamente arruinaram suas vidas além de qualquer reparação e criaram um karma negativo adicional. Ao invés de serem contribuidores em potencial para o mundo, se tornam o oposto. É triste, eu aviso as pessoas sobre o quão perigoso é essa experimentação com drogas.

Q. Também serão afetadas suas vidas futuras?

 A. Sim, bem lembrado! Encontrei casos em que as pessoas se afundaram na sub-cultura da droga devido a uma fraqueza causada pelo mesmo abuso em vidas anteriores.

P. Porque você acha que as pessoas experimentam drogas?

R. Ah por muitas razões! Essas razões incluem uma criação fraca e irresponsável por parte de seus pais, pressão exercida por grupos, tédio com a vida, bem como um mau direcionamento na busca espiritual, uma forma errada de expandir a consciência, e a já mencionada fraqueza causada por vidas passadas.

P. É mesmo possível expandir a consciência através do uso de drogas? Não há algumas sugestões de que o cérebro produz substâncias semelhantes a algumas drogas?

R. Devo responder essa questão na negativa, pois grande e devastador é o mal que tem sido causado a indivíduos e nações devido ao uso de drogas. Nada deve ser dito de modo a encorajar as pessoas a experimenta-las. Porém, ironicamente, sob certas circunstâncias é possível alterar a consciência. Contudo, a informação geral a que se tem acesso através de pessoas comuns é uma informação “selvagem” e sem estrutura e, portanto, não é de bom uso para um genuíno aspirante espiritual. Isto se dá pois não há nenhuma estrutura preparada no cérebro através da qual uma experiência elevada pode se manifestar.
É terrível que as pessoas sejam ingênuas ao ponto de achar que vão tirar crescimento espiritual de uma garrafa ou um cachimbo, e pior ainda são os efeitos colaterais. Na verdade as vezes apenas uma única dose de uma droga como LSD pode permanentemente danificar o delicado mecanismo da consciência no cérebro, especialmente relacionado a alternância do cérebro entre o tálamo e o hipotálamo, juntamente com as glândulas pineal e pituitária. Assim, de modo geral, o uso contínuo de drogas impedirá qualquer progresso espiritual real naquela vida.
Em alguns casos muito ruins a pessoa terá flashbkacks de natureza bastante negativa pro resto de sua vida. Além disso, há o problema que já mencionei de destruição da tela de proteção astral. Isto me levou a enfaticamente avisar as pessoas: se você quer uma experiência espiritual, procure-a de modo seguro, através da meditação. Infelizmente para muitos jovens o desejo é de resultados instantâneos, e assim eles continuam a fazer experimentos com drogas – um erro grave! 

P. Eles dizem que a maconha não é tão prejudicial e que em alguns países ela está sendo legalizada.

R. De minhas pesquisas clarividentes posso dizer que a maconha também implica nos mesmos problemas mencionados, não é apenas uma porta de entrada para drogas piores, é em si mesma igualmente destrutiva para o mecanismo da consciência, especialmente se usada extensivamente. Na minha opinião é uma grande pena que seja encorajada.

P. Não foram as drogas às vezes utilizadas em culturas antigas por xamãs? Não havia nos mistérios Eleusius uma poção que promovia experiências fora do corpo e não foram o soma dos Vedas, e a psilocibina dos cogumelos dos índios da América Central  parte de uma forma de experiência mística?

R. Não nego que em certas circunstâncias tais experiências ocorreram, mas eu diria a você que no caso de um líder xamânico que realmente tivesse um dom e uma espiritualidade avançada, as drogas não eram de uso contínuo. Eram usadas em um sacramento ocasional superimposto em um sistema elaborado de um treinamento altamente disciplinado, e a administração de tais substâncias para outros era supervisionada de perto quanto à dosagem e os resultados eram monitorados por clarividência. Nos dias atuais, essas drogas não são monitoradas e isso coloca as pessoas em risco. Em alguns xamãs menos evoluídos o abuso de drogas é abundante e certamente eles pagarão um preço por isso.

P. Ouvi dizer que há algumas sugestões médicas que indicam que o uso contínuo de cogumelos que contém substâncias psicoativas pode causar o aparecimento prematuro da doença Alzheimer.

R. Isso não me espanta, veja bem, quando você começa a envenenar as delicadas células do cérebro com essas substâncias você nunca sabe qual será o real resultado disso no futuro. Os resultados podem incluir a destruição da consciência normal, doenças psíquicas, quebra da proteção astral, obsessão por entidades. Fortemente enfatizo que todos os benefícios (e nenhum dos riscos) podem ser atingidos através do processo de sábia meditação.
No caso de cerimoniais sagrados (os Mistérios) que levam ao discipulado verdadeiro, um Mestre mostrará como desenvolver os siddhis (poderes psíquicos e espirituais) de uma forma segura e apenas quando forem úteis para o aspirante e para a humanidade (nunca antes disso e de forma forçada).
A ideia é tornar-se supra-consciente, o que significar trazer o corpo físico, as emoções e a mente sob o controle da vontade espiritual, de modo que esses veículos “inferiores” possam ser transcendidos e fornecer acesso consciente completo ao plano intuitivo. Isto pode ser alcançado sem o uso de drogas, e os ganhos são permanentes e sem efeitos colaterais. Para isto ocorrer as células cerebrais devem estar saudáveis e trabalhar em ordem, sem isso não podem acessar nenhuma impressão supra-física.

P. Alguns podem considerar que seus métodos são lentos e desnecessários?

R. Isto é porque vivemos numa era em que as pessoas esperam gratificação instantânea de seus desejos, ou, em alguns casos, estão apenas experimentando. É minha opinião que tais experimentos não devem ser feitos por uma pessoa racional – o risco é simplesmente muito alto. No mundo antigo era aceito que antes que a sabedoria genuína pudesse ser conferida a alguém, eram necessários muitos anos de preparação e dedicação disciplinada. E os testes para verificar se a pessoa estava pronta eram bastante controlados e severos. Hoje em dia as pessoas parecem achar que deviam ter os mesmos resultados depois de fazer um curso de fim de semana ou usar alguma droga.

P. O estudo ajuda?

R. Alguns tipos de estudo como a matemática, especialmente a geometria, são muito úteis para a vida espiritual e algumas pessoas desenvolveram uma clarividência bastante pura ou outro tipo de visão interna quase que espontaneamente ao longo dessas linhas. Você provavelmente leu meu artigo sobre Lewis Carroll (que foi um matemático), penso que seus livros sobre Alice foram bastante inspirados na sabedoria perene devido ao modo matemático que sua mente foi treinada. E claro, há o maior de todos eles, Pitágoras, que também foi um grande visionário e filósofo no mundo antigo e hoje é um Mestre de Sabedoria. É claro que o estudo que eu realmente recomendo é Teosofia. Na teosofia temos compactadas em um assunto tanto a explicação, a disciplina intelectual e a sabedoria. Tenho sugerido às pessoas que estudem teosofia como se estivessem estudando para um diploma universitário. Acredite, se as pessoas colocassem o mesmo tanto de esforço em estudar teosofia que colocam em assuntos acadêmicos convencionais, muitos mais veriam resultados realmente espirituais em suas vidas, especialmente a expansão da consciência.

P. E quanto a formas alternativas de auto-conhecimento como as sugeridas pelos ensinamentos da Nova Era?

R. Você sabia que foi a Teosofia que trouxe ao mundo moderno o conceito de Nova Era – a entrada do planeta Terra na Era de Aquário causada pela precessão de equinócios – que nos abre a energias e influências de fora de nossos Sistema Solar. A apresentação moderna da Teosofia é parte desse processo. É igualmente verdade, como a Sra. Blavatsky mesmo disse, que “Ninguém nunca disse a última palavra em Teosofia”. No entanto, notei em minhas viagens pelo mundo que entre as mudanças aparentes, especialmente entre os jovens, há algumas ideias que frequentemente são interpretadas como novas abordagens ao autoconhecimento, mas na verdade nenhuma “nova” forma existe; pois as leis da vida espiritual não dependem do tempo e são imutáveis.
As velhas regras permanecem e a obediência a elas é o único meio seguro e certo para a iluminação espiritual, apesar de despreparados, buscadores jovens e antigos seguem essas regras. Não estão prontos pois os resultados de sua aplicação não são imediatos, exceto nos casos de discípulos, iniciados e yoguis de sucesso que renascem. Estas são as regras como nós podemos compreende-las:
1.    O progresso na vida oculta é totalmente dependente em se tornar absorto nela, e de forma inabalável perseguir um propósito espiritual de vida; sem isto, apenas a falha se seguirá. Cada aspirante é avisado para, na quietude de suas próprias mentes e corações, esclarecer seu conceito de que objetivo ele está buscando, rever suas motivações.
2.    O progresso e realização do propósito deve se tornar o objetivo supremo. Deve ser pensado cuidadosamente, e com dedicação, então escrito e mentalmente repetido até estar completamente absorto no aspirante. Incidentalmente, uma solução para problemas mentais e psicológicos pode consistir em tirar completamente o pensamento desses problemas e poderosamente reafirmar o objetivo, com uma mente focada.
3. O Karma, externamente favorável ou desfavorável, deve ser inteligentemente compreendido e aceito. Se for favorável para a obtenção do ideal, então se deve aproveitar as oportunidades existentes. Se for desfavorável, isto é, limitante, então as limitações resultantes devem ser vencidas da melhor forma possível, e inteligentemente aceitas como parte do padrão auto-criado da vida do aspirante. Ambas situações devem ser aceitas com calma.    
4.    De certo ponto de vista – o espiritual – as pessoas na vida do aspirante são os mais informativos professores. Do convívio com essas pessoas grande sabedoria pode ser atingida. A alegria pode ser apreciada com gratidão e inteligência, enquanto que a infelicidade pode ser objeto de estudo desapegado, especialmente com o objetivo de construir o caráter. É útil formular os prováveis erros que fizeram surgir adversidades, e não repetir tais erros. Lembre que a infelicidade é resultado de karma adverso, e é preciso buscar as causas das ações e deixar de fazer o mal aos outros. Deve-se buscar ser inofensivo e misericordioso. No melhor que as circunstâncias permitirem, o verdadeiro ocultista deve praticar Ahimsa (não violência).
5.   Por mais ativa que seja a vida externa, o aspirante deve praticar com consistência períodos de quietude contemplativa que levem ao silêncio mental. Na prática da contemplação a mente pode ser direcionada não apenas ao Divino e a união com este, mas também a certas ideias e verdades fundamentais, com o objetivo de desperta-las na mente, ganhando completo entendimento sobre elas. O ideal é desenvolver uma condição de equilíbrio com o intelecto, em que se possa silencia-lo a vontade – é o local de união alma-espírito.
6.    Motivação, isto é o mais importante. Deve ser uma motivação natural, nascida de uma determinação de atingir o objetivo. Deve ser inabalável, protegida de ataques externos. Enquanto por dentro torna-se mais forte, mais profunda e crescentemente transformando-se em um propósito único na vida, em que toda as outras atividades diárias se alinham de acordo com esse propósito. O aspirante se torna a encarnação viva e a manifestação desse propósito que é mais algo que nasce e cresce do interior do que algo que é formulado pela mente.

           Por mais sério que tudo isso deva parecer, e certamente o é, um toque mais leve em direção aos afazeres mais imediatos e transitórios, associados com a vida diária, deve ser cultivado. A vida espiritual não é algo terrivelmente maçante, mas é caracterizada por experiências de grande felicidade, que aprofundam-se na alegria e em uma serenidade subjacente. A realização deste equilíbrio de opostos aparentes – seriedade interior e leveza e felicidade exterior – é útil na vida oculta e um valioso meio de auto-treinamento baseado na vigilância que é livre de egoísmo.

P. Você pensa que o discipulado real está ao alcance de alguns teosofistas?

R. Sim, e não apenas teosofistas, mas muitas pessoas que fazem grandes sacrifícios pela humanidade e até mesmo que auxiliam em outras áreas, como ajudando o reino animal. Penso que o motivo que leva a apenas poucas pessoas que conhecem sobre essas coisas  terem sucesso é: 1) A motivação deve ser absolutamente pura e inegoísta e 2) é preciso completa aplicação a causa. Se esses dois fatores estão atuando e os débitos karmicos não são demasiadamente pesados, então os portões se abrirão para o maior dos privilégios. Além do mais, sabemos que os Mestres buscam pupilos puros de coração para treinar nesses tempos difíceis, pois é preciso mais auxiliares no mundo e eles tem tantas outras questões importantes para lidar. Um mestre disse nas Cartas dos Mahatmas, “se você der um passo em nossa direção, nós daremos dois na sua.”

P. Há alguma lista detalhada das qualificações necessárias para entrar neste caminho?

R. As qualificações têm sido descritas em muitos livros e são o coração das grandes religiões do mundo. No budismo encontramos o caminho óctuplo, no cristianismo considera-se que Jesus está se dirigindo aos aspirantes no Sermão da Montanha e no hinduísmo encontramos conselhos em numerosas escrituras e textos de yoga. Na teosofia temos muitos livros que tratam do assunto, os principais são A Voz do SilêncioLuz no CaminhoAos Pés do Mestre. Eu mesmo contribuí com Meditações Sobre a Vida Oculta e a Senda para Perfeição, assim como com um livro introdutório intitulado O Chamado do Alto. A teosofia é de interesse particular pois possui uma linguagem atualizada em relação aos textos sagrados, o que torna mais compreensível.

P. Será que o estudo desses livros ajuda a acelerar o processo de qualificação para o discipulado?

R. Sim, especialmente se são estudados de forma sincera, colocando em prática os princípios. Deixe-me detalhar mais: Primeiro eu diria que é necessário compreender que todo o propósito de estarmos vivos, e de nossa presença junto aos outro, é ajudar. Claro que esse ajudar se aplica a todas as pessoas, mas aqueles que estão perto de nós são naturalmente mais suscetíveis a nossa influência, e quanto mais próximos eles ficam mais importante é dirigir nossos pensamentos, de forma discreta e sem nenhum sentido de superioridade, para as mais profundas verdades da vida. Isto se torna com o passar do tempo cada vez mais natural, e transforma-se em um procedimento contínuo, quer inteiramente deliberado ou não.
Aqueles que aspiram o privilégio do discipulado, mais especificamente, devem manter essa “atitude de senda” sempre perto da superfície de seus pensamentos e então – de forma razoável e sensível – suas maneiras, posturas, olhares e abordagens pessoais devem refletir essa atitude interior. Mantendo essa postura o aspirante deve cada vez mais estar em guarda de si mesmo, consciente em todas as relações humanas. Esta é uma das mudanças importantes que ocorrem no caráter daqueles que, tendo aprendido o propósito geral da vida, e o da vida interna, aspiram ardentemente seguir a senda para a iluminação. Tendo compreendido os detalhes e tendo feito deles parte de sua vida e caráter, assim o ideal nunca deve afastar-se da mente, e deve ser a motivação subjacente a toda ação no mundo. O budismo chama essa atitude de “plena atenção”.


P. Como podemos progredir rapidamente nessa “Senda” interna em direção ao Adeptado?

R. A determinação de galgar a senda o mais rápido possível é baseada unicamente no conhecimento de que cada passo dado para frente nos torna mais capazes e efetivos no serviço ao mundo.
Ao longo de todo o processo, o aspirante deve ser guiado por uma sabedoria cheia de discernimento, que busca aplicar as regras do ocultismo em suas motivações físicas, pensamentos, sentimentos e vida diária.
É importante enfatizar a grande importância do REALISMO no que concerne a vida oculta. Apesar de outros caminhos do conhecimento permanecerem abertos, uma atitude mental estritamente realista é essencial quando falamos de vida oculta. Neste caso não há nenhum espaço para o desejo de realizar fantasias que foram imaginadas.
Já que a palavra ocultismo significa o estudo e aplicação do que está “escondido”, uma tendência ao erro é, portanto, potencialmente presente, e deve-se ter vigilância sobre isso. É preciso ter habilidade em evitar que a atividade da mente impeça a presença da intuição. Uma postura aberta a intuições deve ser mantida, e feita funcionar em conjunto com a mente. É preciso haver quietude mental.
Enquanto o executar das responsabilidades, deveres e disciplinas do discipulado concernem o ocultista em sua vida encarnada, a experiência, que é de grande importância, concerne à alma imortal do discípulo.
A eliminação do Ahankara (Egocentrismo) é de vital importância. E a total ausência de uma ideia sobre ganhos pessoais ou recompensas pelo serviço prestado é decisiva.




*Coletânea de respostas montada por Bill Keidan, retirada de http://www.geoffreyhodson.com/
* Tradução Alaya Dullius.

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